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Direito Civil

Atualizado 09/02/2024

Desafios Legais da guarda compartilhada em casos de violência doméstica

Carlos Stoever

3 min. de leitura

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Desafios Legais da guarda compartilhada em casos de violência doméstica

A guarda compartilhada é um conceito amplamente debatido no contexto do direito de família, buscando promover o envolvimento igualitário de ambos os genitores na vida dos filhos após uma separação ou divórcio. No entanto, a implementação da guarda compartilhada em casos de violência doméstica apresenta desafios significativos que precisam ser abordados com cuidado e consideração. 

A recente Lei n.º 14.713/2023 trouxe mudanças importantes nesse cenário, proibindo a guarda compartilhada em situações de risco. Neste artigo, exploraremos os desafios legais envolvidos na aplicação da guarda compartilhada em contextos de violência doméstica, considerando as modificações introduzidas por essa nova legislação.

A guarda compartilhada: objetivos

A guarda compartilhada é um modelo que busca garantir que ambos os genitores tenham responsabilidades e tempo igualitário na criação e educação dos filhos após o término do relacionamento. Isso é feito com o objetivo de promover o bem-estar das crianças e adolescentes, permitindo que eles mantenham relacionamentos saudáveis com ambos os pais.

Entendendo a Lei n.º 14.713/2023

A Lei n.º 14.713/2023, em vigor desde sua publicação, trouxe importantes mudanças no tratamento da guarda compartilhada em casos de violência doméstica. Seu principal objetivo é assegurar a proteção das vítimas desse tipo de violência, priorizando o melhor interesse das crianças e adolescentes no ambiente familiar.

Uma das principais alterações introduzidas pela nova lei é a proibição da guarda compartilhada de crianças e adolescentes quando houver risco de violência doméstica e familiar. Isso representa um avanço significativo na proteção das vítimas, impedindo que a guarda compartilhada seja aplicada em situações de perigo.

Procedimentos de avaliação de risco

A implementação da guarda compartilhada em situações de violência doméstica apresenta desafios legais consideráveis. Alguns dos principais desafios incluem:

Avaliação de riscos

A identificação precisa de riscos de violência doméstica é um desafio complexo. Os juízes e profissionais do direito devem avaliar cuidadosamente as informações apresentadas pelas partes e considerar a segurança das vítimas e de seus filhos. A subjetividade envolvida na avaliação torna esse processo desafiador.

Garantia do bem-estar das crianças

O objetivo principal da guarda compartilhada é o bem-estar das crianças. No entanto, garantir esse bem-estar em casos de violência doméstica pode ser complicado. É essencial encontrar um equilíbrio entre o direito da criança de manter um relacionamento com ambos os genitores e a sua segurança.

Necessidade de provas sólidas

A nova lei exige a apresentação de provas ou indícios pertinentes para justificar a proibição da guarda compartilhada em casos de risco. Isso pode ser difícil, já que a violência doméstica muitas vezes ocorre de forma privada, sem testemunhas ou evidências físicas óbvias.

Conscientização e denúncia

Para lidar eficazmente com casos de violência doméstica, é fundamental que as vítimas estejam cientes de seus direitos e saibam como denunciar a violência. Isso requer esforços contínuos de conscientização e educação por parte das autoridades e organizações.

Impacto da nova lei na proteção das vítimas

A promulgação da Lei n.º 14.713/2023 representa um importante avanço na proteção das vítimas de violência doméstica, especialmente das mulheres e de seus filhos. Antes da nova legislação, a guarda compartilhada era considerada obrigatória em casos de desacordo entre os genitores, o que muitas vezes expunha as vítimas a situações de perigo.

Agora, a lei oferece uma alternativa mais segura. Quando não há acordo entre os genitores e existe risco de violência, a guarda compartilhada não será concedida. Isso significa que as vítimas e seus filhos não serão obrigados a manter contato frequente com o agressor, o que reduz significativamente os riscos envolvidos.

Desafios

Embora animadora, a implementação da guarda compartilhada em casos de violência doméstica não é isenta de desafios. A nova lei busca equilibrar o direito dos genitores com a proteção das vítimas e de seus filhos, mas a avaliação de riscos pode ser complexa e subjetiva.

Além disso, também levanta questões sociais e psicológicas. Muitas vezes, as crianças envolvidas nesses cenários enfrentam dificuldades emocionais ao serem expostas a conflitos entre seus genitores. 

Portanto, é crucial considerar o impacto psicológico dessas situações nas crianças e garantir que os profissionais envolvidos, como psicólogos e assistentes sociais, desempenhem um papel ativo na avaliação do bem-estar dos menores. 

Isso requer uma abordagem holística que leve em conta não apenas os aspectos legais, mas também os efeitos psicológicos e emocionais da guarda compartilhada em contextos de violência doméstica.

Considerações finais

A Lei n.º 14.713/2023 representa um passo importante na proteção das vítimas de violência doméstica e na garantia do bem-estar das crianças e adolescentes envolvidos. No entanto, a eficácia de sua implementação dependerá da capacidade do sistema jurídico em lidar com os desafios legais e garantir a segurança das vítimas. 

É fundamental que o sistema judiciário e os profissionais envolvidos estejam bem preparados para lidar com esses casos de forma sensível e criteriosa. Além disso, a conscientização sobre a importância da denúncia e da busca por medidas de proteção é essencial para garantir a segurança das vítimas.

Se você precisa de orientação jurídica especializada para questões relacionadas à guarda compartilhada e direitos de herança, o Jus Docs está aqui para ajudar. Conte conosco para garantir que seus interesses e os de seus filhos sejam protegidos de acordo com a legislação vigente.

Deseja aprofundar ainda mais sobre Guarda Compartilhada? Confira nossos outros materiais sobre este assunto!

Para saber tudo sobre guarda compartilhada, veja o guia completo sobre guarda compartilhada do Jusdocs

Guarda compartilhada e alienação parental: aspectos legais

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Guarda compartilhada e direitos de herança: implicações legais

Guarda compartilhada: direitos e deveres dos pais

Foto de Carlos Stoever

Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

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