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Direito do Trabalho

Atualizado 04/12/2023

Guarda compartilhada e direitos de herança: implicações legais

Carlos Stoever

4 min. de leitura

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Guarda compartilhada e direitos de herança: implicações legais

Quando se trata de questões familiares complexas, como guarda compartilhada e direitos de herança em situações de falecimento de um dos pais, a compreensão detalhada dos aspectos legais envolvidos é fundamental. Neste guia completo, exploraremos minuciosamente as nuances jurídicas que regem a guarda compartilhada e como os direitos de herança são afetados quando um dos genitores falece.

O que é guarda compartilhada?

A guarda compartilhada é um arranjo em que ambos os pais têm direitos e responsabilidades iguais em relação aos filhos, mesmo após a separação ou divórcio. Este arranjo visa garantir o melhor interesse das crianças, proporcionando-lhes a oportunidade de manter um relacionamento significativo com ambos os genitores.

Legislação

No Brasil, a guarda compartilhada é a modalidade padrão, conforme estabelecido pelo Artigo 1.583 do Código Civil. Isso significa que, em princípio, ambos os pais têm direitos iguais em relação à guarda dos filhos. No entanto, a lei também prevê que, em certos casos, a guarda unilateral pode ser concedida se for comprovado que é a melhor opção para as crianças.

Vantagens da guarda compartilhada:

  • Estabilidade emocional para a criança: A guarda compartilhada permite que a criança mantenha relacionamentos próximos com ambos os pais, proporcionando-lhes estabilidade emocional e segurança.
  • Responsabilidade compartilhada: Ambos os pais têm a responsabilidade de tomar decisões importantes em relação à educação, saúde e bem-estar da criança.
  • Redução de conflitos: Ao compartilhar a guarda, os pais são incentivados a cooperar e resolver conflitos de maneira pacífica, visando ao bem-estar da criança.

Desafios da Guarda Compartilhada

Logística: Organizar horários e logística para garantir que a criança passe tempo adequado com ambos os pais pode ser desafiador.

Comunicação: Uma comunicação eficaz entre os pais é essencial para garantir o sucesso da guarda compartilhada.

Transferência de guarda em caso de falecimento

Quando um dos pais falece, a guarda dos filhos não é automaticamente transferida para o genitor sobrevivente. A legislação brasileira estabelece que, se ambos os pais falecerem, a guarda passa para os ascendentes, como avós, bisavós e outros familiares próximos. No entanto, quando apenas um dos pais falece, a situação é diferente.

No caso de falecimento de um dos pais, a guarda automaticamente passa para o genitor sobrevivente. O poder familiar do pai ou mãe falecido é extinto, e o genitor sobrevivente assume plena responsabilidade pela guarda e cuidados dos filhos. Isso é estabelecido pelo Artigo 1.632 do Código Civil.

Expressando a vontade dos pais em testamentos

Muitos pais desejam expressar suas vontades sobre a guarda de seus filhos em caso de falecimento. Felizmente, o Código Civil brasileiro permite que os pais incluam disposições relacionadas à guarda de filhos em seus testamentos. Isso significa que os pais podem nomear um guardião em seus testamentos, indicando quem deve assumir a responsabilidade pela guarda compartilhada das crianças caso um dos pais venha a falecer.

Desafios Potenciais:

  • Desacordo entre os pais: Se ambos os pais faleceram e cada um deles nomeou um guardião diferente em seus testamentos, pode haver desacordo sobre quem deve ficar com a guarda.
  • Interesse da criança: O tribunal sempre considerará o melhor interesse da criança ao tomar decisões relacionadas à guarda em caso de falecimento dos pais.

Herança e sucessão

Quando um dos pais falece, seus bens e patrimônio são transferidos aos herdeiros de acordo com as regras de sucessão estabelecidas pela legislação brasileira. Os herdeiros legais incluem o cônjuge, os filhos e outros parentes, dependendo da situação.

Filhos menores

Filhos menores têm direito à herança deixada por seus pais falecidos. No entanto, é importante observar que a herança de crianças menores de idade é administrada por um representante legal, geralmente o genitor sobrevivente ou um tutor nomeado pelo tribunal.

Os pais têm a opção de criar testamentos para determinar como desejam que sua herança seja distribuída após a morte. Isso permite que eles nomeiem beneficiários específicos, incluindo seus filhos, e determinem a porcentagem de herança que cada um deve receber.

Desafios Potenciais:

  • Contestação de Testamento: Em alguns casos, os herdeiros podem contestar o testamento se acharem que ele não reflete adequadamente a vontade dos pais falecidos.
  • Administração da Herança: A nomeação de um representante legal para administrar a herança de crianças menores pode ser um processo complicado em casos de disputas familiares.

Considerações finais

Como vimos, a guarda compartilhada é o arranjo padrão no Brasil, garantindo que ambos os pais tenham direitos e responsabilidades iguais em relação aos filhos. Em casos de falecimento de um dos pais, a guarda passa automaticamente para o genitor sobrevivente, a menos que haja uma disposição em contrário expressa em um testamento ou outro documento legal.

Por esse motivo, é muito importante que os pais estejam cientes das opções legais disponíveis para expressar suas vontades e garantir que seus filhos sejam cuidados da maneira desejada, mesmo na ausência de um dos genitores. 

Ao lidar com questões de guarda compartilhada e direitos de herança, é aconselhável buscar orientação jurídica especializada para garantir que os interesses das crianças sejam protegidos e que suas decisões sejam refletidas de forma adequada nos documentos legais.  Para obter documentos jurídicos de qualidade e orientação legal, visite o Jus Docs.

Deseja aprofundar ainda mais sobre Guarda Compartilhada? Confira nossos outros materiais sobre este assunto!

Para saber tudo sobre guarda compartilhada, veja o guia completo sobre guarda compartilhada do Jusdocs

Guarda compartilhada e alienação parental: aspectos legais

Desafios na Implementação da Guarda Compartilhada em Conflitos Familiares

Guarda compartilhada: direitos e deveres dos pais

Desafios Legais da guarda compartilhada em casos de violência doméstica

Foto de Carlos Stoever

Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

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